📚 Dica de livro: Quarto de Despejo, o diário real de Carolina Maria de Jesus
Futuro(a) calouro(a), que tal conhecer um dos livros mais impactantes da literatura brasileira?
Hoje a nossa dica cultural é Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus. Um relato poderoso, que traz à tona as dificuldades e as injustiças enfrentadas por quem vive nas periferias brasileiras.
Além de ser uma leitura necessária, essa obra é um repertório perfeito para temas de redação sobre desigualdade, pobreza, racismo e resistência. E tem mais: o livro já apareceu em questões do ENEM de 2022, 2023 e 2024!
E sabe o que é ainda mais incrível? Em 2023, o tema da redação foi “Desafios para o enfrentamento do trabalho invisível de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, e uma das estudantes que tiraram nota 1000 usou a história de Carolina Maria de Jesus para enriquecer o texto! Ou seja, se você ainda não conhece essa obra, é hora de incluir na lista! 😉
Quem foi Carolina Maria de Jesus?

Carolina Maria de Jesus (1914-1977) foi uma mulher negra, periférica e uma das primeiras escritoras brasileiras a expor a dura realidade das favelas com sua própria voz.
Nascida em Sacramento, Minas Gerais, Carolina era filha de trabalhadores rurais e estudou apenas até o segundo ano do ensino fundamental, em uma escola para crianças pobres.
Na juventude, mudou-se para São Paulo, onde viveu em condições de extrema pobreza na favela do Canindé. Para sustentar seus três filhos, ela trabalhava como catadora de papel e ferro-velho.
Apesar das dificuldades, Carolina sempre teve uma grande paixão pela leitura e escrita. Ela costumava recolher cadernos usados no lixo e neles escrevia sobre o seu cotidiano e suas reflexões.
Como Quarto de Despejo se tornou um livro?
Durante anos, Carolina escrevia sobre as injustiças, as dificuldades de sobreviver em meio à fome e à miséria e sobre o cotidiano das pessoas ao seu redor.
Foi em 1958 que sua vida começou a mudar. O jornalista Audálio Dantas, em uma visita à favela para uma reportagem, conheceu Carolina e se impressionou com a força e a sinceridade de seus textos. Reconhecendo a importância daquele registro, ele ajudou a organizar e publicar seus escritos.
O resultado foi o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, que se tornou um sucesso imediato, vendendo mais de 10 mil exemplares em apenas três dias e sendo traduzido para mais de 13 idiomas.
Mas apesar do sucesso inicial, Carolina continuou enfrentando preconceito e dificuldades financeiras. Sua história é também um retrato das barreiras enfrentadas por mulheres negras e pobres na sociedade brasileira.
Sobre o Livro Quarto de Despejo
Quarto de Despejo é um diário cru e verdadeiro. Nele, Carolina narra com sensibilidade e indignação a dura realidade da vida na favela:
A luta diária para garantir o que comer e manter seus filhos vivos.
Os sentimentos de esperança e desesperança que se alternam a cada dia.
As relações entre os moradores da favela, repletas de solidariedade, mas também de conflitos.
Suas críticas diretas à desigualdade social, ao racismo e à invisibilidade das pessoas negras e pobres no Brasil.
O título Quarto de Despejo é uma metáfora: Carolina via a favela como o "quarto de despejo" da sociedade, um local para onde são descartadas as pessoas que não se encaixam na cidade formal.
💡 Por que ler Quarto de Despejo?
Repertório para redação: O livro é um registro potente das desigualdades sociais e raciais no Brasil e pode ser usado em temas relacionados a desigualdade social e pobreza, preconceito racial e exclusão social, direito à moradia e cidadania e resistência e luta por direitos.
Reflexão social: A obra nos faz pensar sobre como o Brasil lida (ou não) com suas desigualdades históricas e como a realidade das favelas ainda é marcada por desafios semelhantes.
Valor histórico e literário: Carolina deu voz a uma realidade que muitos preferiam ignorar, e sua escrita é direta, sensível e impactante.
📝 Trechos do livro
"O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome."
"O meu sonho era ser escritora. Mas a minha realidade é catadora de papel."
"Quero mudar de vida, mas onde está o ouro para eu encontrar? Para dar uma vida melhor aos meus filhos?"
Sonhei que era um anjo. Meu vestido estava flutuando e tinha mangas rosas compridas. Fui da terra para o céu. Pus estrelas em minhas mãos e brincava com elas. Falei-as. Elas apresentaram um me honrando [sic]. Dançaram ao meu redor e criaram um caminho luminoso. Quando acordei eu pensei: estou tão pobre. Não consigo pagar para ir e assistir uma peça, então Deus me manda esses sonhos para minha alma dolorida. Ao Deus que me protege, eu mando meu [sic] gratidão
E aí, futuro(a) calouro(a), já conhecia essa obra? Se ainda não leu, aproveita essa dica para mergulhar em uma das narrativas mais potentes da nossa literatura!
Depois conta pra gente o que achou e qual trecho mais te impactou!
Um abraço da equipe Repertório,
Repertório Educação e Tecnologia
"Juntos, conectamos a educação ao futuro."